Brasília, 26 de agosto de 2013
Iniciamos a aula com um intérprete, pois o professor bateu o queixo no chão durante o fim de semana e estava impossibilitado de falar muito. Foi interessante demais, porque prestei atenção a todos os sinais e na dificuldade de traduzi-los para o português. Hoje havia apenas um surdo, o Rafael. Ele é muito divertido e engraçado, além de se comunicar muito rápido. O Rafael me faz pensar como é difícil entender uma língua diferente sem ter calma, porque para ele é normal fazer os sinais rapidamente, mas para nós, ouvintes, é complicado acompanhar tudo porque estamos aprendendo LIBRAS agora. Sei que ele não faz por querer e sim porque é a rotina dele. É interessante que o Rafael se mostra muito paciente com todos os ouvintes e repete todos os sinais quantas vezes nós pedimos.
Hoje percebi também que aquela parde de vidro que achei estranha no primeiro dia de alua tem sua utilidade: serve para despertar o interesse por LIBRAS dos outros alunos da outra sala. Muitos alunos olhavam curiosos para o professor, que ficou a maior parte da aula em pé. Acredito que isso possa ser importante para a divulgação da LIBRAS, tanto pela curiosidade, quanto pela importância que aqueles alunos possam estar dando a esse tipo de comunicação.
O tradutor foi fundamental para que essa aula se desenvolvesse de maneira natural, porque sem ele provavelmente terminaríamos a aula mais cedo. Esse é um dos motivos que a divulgação da LIBRAS deve ser intensificada cada dia mais.
Percebo que todos os alunos estão tão interessados na Cultura Surda quanto eu e isso me motiva ainda mais a aprender sobre esse mundo tão fascinante.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
Brasília, 21 de agorsto de 2013
Eu vesti esta camisa...
A
hora já não me importa mais. É uma felicidade tão intensa que mal posso me
conter aqui assim quieto no meu corpo. Preciso me mexer: são movimentos
aleatórios, inicialmente. Sinto que irei nascer agora numa nova cultura, a
cultura surda.
Eu
juro que não me lembro de quando eu nasci aqui, no mundo dos ouvintes, mas
quero para sempre me lembrar dos primeiros momentos nesse meu novo mundo surdo.
Não chorei, mas tive vontade. O choro não expressaria muito bem o que estava
acontecendo dentro de mim: era pura satisfação por poder pertencer a uma
realidade ao mesmo tempo tão perto e tão distante do que eu conhecia. Procurei
prestar atenção em cada detalhe. Foi impossível porque eu não entendia muita
coisa. Foram momentos mágicos e, no fim, pura satisfação!
Isso resume o meu
primeiro contato imerso na cultura surda. Entrei numa outra sala, sem aquela
parede estranha de vidros. Alguns colegas já estavam sentados e, então, me
sentei para conversar com eles. O professor logo chegou, mas ficou na porta
porque pensou que ainda estava tendo outra aula. Falamos para ele entrar, ele
veio com a Marília e ela estava tão sorridente e me pareceu muito simpática. Iniciamos,
então, uma apresentação pessoal com o auxílio do professor. Ele conversava com a
Marília por meio de LIBRAS e também falava com a gente. A nossa amiga E. nos ajudou
bastante nesse primeiro momento, porque ela já sabe muitos sinais.
Depois de algum
tempo, para minha surpresa, chegaram muitos outros surdos. Fiquei feliz demais! Nós nos sentamos em círculo sempre na disposição de um surdo e um ouvinte, para
facilitar nossa interação. Nossa, foi ótimo! Eles nos deram nossos sinais que
representam nossos respectivos nomes. Adorei o meu. Ficamos repetindo os nomes
e os sinais, uns dos outros para fixarmos, mas confesso que não me lembro de
todos. Fico até sem graça por isso. Espero que todos eles compreendam que ainda
estou crescendo nesse mundo encantador deles.
Todos os surdos
foram muito atenciosos e pacientes. Eu já me sinto como sendo uma pequena parte
da vida deles e quero aumentar mais ainda o vínculo com cada um.
Foi uma tarde
maravilhosa. Apesar de eu não ter conversado com todos, sinto um carinho
especial pela turma. Não vejo a hora de chegar logo a próxima quarta-feira para
aprender muito mais...
Minha empolgação
está tão intensa que eu tenho falado para tomos mundo sobre essa experiência
maravilhosa pela qual estou passando!
Brasília, 19 de agosto de 2013
Cheguei à sala A1
16/22 no prédio BSA da UnB e o silêncio tomava conta do ambiente todo. Havia um
vazio naquele momento porque eu estava sozinho. A primeira coisa que me chamou
a atenção foi uma parede de vidro (figura A) que divide duas salas de aula. Que esquizito,
pensei. Realmente foi estranho demais porque havia muita gente do outro lado e
somente eu alí. Às vezes eu procuro ficar sozinho, mas naquele dia adoraria ter
a companhia de muitas pessoas.
Já passava das 14h00
e a aula já deveria ter começado. Comecei a pensar o que me fez escolher essa
matéria (Tópicos Especiais em Aprendizagem – Cultura Surda). Mais uma surpresa:
eu não sabia a resposta ainda. Na verdade, uma amiga de curso (Psicologia) faz parte
de um projeto com os surdos e já havia me contado bastante coisa sobre isso. A
partir daí, comecei a desenvolver uma enorme vontade de aprender LIBRAS para me
comunicar com tantas pessoas com histórias interessantes. Adoro aprender novos
idiomas para poder manter contato com povos tão diferentes de mim. Isso me
entusiasma a aprender.
Depois de tantos
minutos sozinho, outros colegas da disciplina começaram a chegar. Conversamos
sobre a matéria e percebi certa empolgação em cada um. O professor Domingos
chegou e explicou detalhadamente todo o plano de ensino. Apenas algumas vezes
ele fazia sinais em LIBRAS e isso me deixou um pouco frustrado, pois pensei que
ele se comunicaria com a gente tanto por meio da fala, quanto por meio de
LIBRAS. Entretanto, ao avançar na explicação, entendi que toda quarta-feira
teremos a imersão na cultura surda, em que iremos nos comunicar e desenvolver
atividades e habilidades junto com os surdos. Fiquei muito animado! Adoro
matérias dinâmicas e práticas.
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